Semana do Clima: história e ação

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09Não foram números recordes de inscrições com mais de 5500 pessoas de 32 países da região e 93 nacionalidades, que fizeram da Semana Latino Americana e Caribenha do Clima, promovida pela ONU e coorganizado pela Prefeitura de Salvador, um evento histórico. Nem a quantidade nunca antes vista de repórteres, TVs, jornais, site e blogs credenciados que proporcionaram visibilidade sem igual nas edições do mesmo evento nos últimos 10 anos em diversos países. Tão pouco a taxa de ocupação hoteleira que bateu picos de 90% de ocupação em um mês intermediário entre alta e baixa estação.

A LAC Climate Week 2019, que aconteceu na Primeira Capital do Brasil, proporcionou a oportunidade mostrar ao mundo que no Brasil, existem líderes sérios, com força e prestigio político suficientes para garantir que o Brasil seguirá contribuindo para o enfrentamento da crise climática.

Desde 2001, tivemos 18 entre os 19 anos mais quentes. E 2018 só perde para 2016, 2017 e 2015, entre os anos mais quentes de todo o século 19. Se considerarmos o primeiro semestre de 2019, teremos mais um ano para o time da crise climática. Já não se pode falar de mudança climática como algo que nos alcançará. Ilhas e ondas de calor mais intensas, inundações urbanas, costeiras, secas e estiagens mais frequentes e aumento de doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue já causam mortes e são e efeitos diretos das alterações climáticas. E é nos centros urbanos onde está o maior desafio.

As cidades tem feito da paradiplomacia a grande alternativa para alcançar as metas do acordo de Paris, especialmente quando governos nacionais não ampliam suas ambições para acelerar a transição rumo a uma economia de baixo carbono. Os 94 governos locais da rede C40, todos megacidades incluindo Salvador, já aderiram a compromissos voluntários que, somados, tem o potencial de reduzir a emissão de 2.4 gigatoneladas de carbono equivalente em mais de 10.000 ações. Não é uma força pequena. Nessas cidades vivem 1 em cada 12 pessoas do mundo e está 25% do PIB planetário.

Ter um evento dessa magnitude promovido e coorganizado por um governo local, a Prefeitura de Salvador, é sem dúvidas uma contribuição sem igual a essa forma de diplomacia para o enfrentamento da crise climática. O prefeito ACM Neto com tranquilidade, e conectado com o sentimento e necessidades de uma sociedade do século 21 se movimentou de forma brilhante, reunindo outros líderes e deixando a clara mensagem de compromisso com uma mobilidade mais limpa e sustentável, a ampliação e consolidação das áreas verdes e unidades de conservação, um projeto de desenvolvimento ecológico para a Amazônia, o respeito e ação pelos oceanos, a luta por investimento em saneamento, o reconhecimento de evidências cientificas que mostram que as alterações no clima global são fruto da ação humana, entre tantos outros.

No momento que vivemos uma ação deliberada de enfraquecimento institucional dos instrumentos de comando e controle ambientais, do corte de investimentos para fortalecer ações, a ausência de um olhar que trate nosso patrimônio natural de forma estratégica gerando emprego e renda verdes e inovadores, Salvador não foge ao seu papel de contribuir para a história do Brasil e da diplomacia global, com impactos significativos para nosso presente, olhando de forma muito atenta nosso futuro.

Artigo produzido por André Fraga originalmente publicado em 28/03/2019 no site Tribuna da Bahia Online

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