Nós, o plástico e os oceanos

Estudo encomendado pelo Fórum Econômico Mundial relata a existência de 150 milhões de toneladas métricas de plásticos nos oceanos e, caso o consumo de plástico siga no mesmo ritmo, cientistas preveem que haverá mais plástico do que peixes até 2050 nos mares. Entre 4,8 milhões e 12,7 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos todos os anos.
Por ano se consome entre 500 bilhões e 1 trilhão de sacolas plásticas mundialmente. No Brasil, cerca de 1,5 milhão de sacolinhas são distribuídas por hora! São gratuitas, práticas e onipresentes no comércio. Mas possuem um alto custo ambiental: são produzidas a partir de recursos naturais não-renováveis (petróleo ou gás natural), geralmente são descartadas de maneira incorreta após um único uso e levam até 450 anos para se decompor. Nesse tempo, prejudicam os sistemas de drenagem, aumentam a poluição e vão parar em matas, rios e oceanos, sendo confundidas por animais que as engolem e morrem sufocados ou presos nelas. Estima-se que cada ser humano coma 50 mil partículas de plástico por ano. Uma pequena, ínfima parte, chega a ser reciclada.
Canudos plásticos descartáveis representam outra ameaça. Só nos EUA, mais de 500 milhões de canudos plásticos são utilizados diariamente, e já há um movimento global para abolir seu uso. Um exemplo é a rede mundial de cafeterias Starbucks que anunciou que vai deixar de usar canudos de plástico em lojas de todo o mundo até 2020, evitando o consumo de mais de um bilhão de canudos.
Leis restritivas as sacolas plásticas e canudos já vigoram em 20 das 27 capitais brasileiras. A medida também foi adotada em dezenas de países pelo mundo. Na China, por exemplo, onde cerca de 3 bilhões de sacolas eram consumidas por dia, a distribuição gratuita foi proibida.
Nos últimos dias, milhares de pessoas se uniram para limpar praias ao redor do mundo. Em Salvador, centenas de grupos também promoveram mutirões. A cidade avança e se une ao movimento global pela redução no consumo e descarte de sacolas e canudos plásticos. Neste sentido, o Prefeito ACM Neto declarou durante a Semana do Clima da ONU que promoverá uma legislação com esse objetivo.
O plástico só é um vilão quando se une ao nosso déficit de cidadania e desrespeito com o planeta. A produção de peças e equipamentos plásticos foi, e é, importante para a humanidade na redução do peso de equipamentos os fazendo mais eficientes, dando flexibilidade a produtos e ferramentas, proporcionando evolução de maneira geral. Por outro lado, a raiz do problema está na forma como o consumimos e somos incentivados a consumir, assim como o descartamos. O setor privado tem especial papel na solução. Já existem normas técnicas para a produção de sacolas em qualidade que ajudem a reduzir o consumo, mas o próprio setor não as segue. Ademais, quem produz, distribui e vende precisa assumir sua parte, fazendo da responsabilidade compartilhada e da logística reversa uma realidade, e não um princípio bonito previsto em mais uma lei que não pegou.
Artigo produzido por André Fraga originalmente publicado na edição online em 25/09/2019 do Correio.
Posts recentes
- Vereador André Fraga sugere comemorar 50 anos do Parque de Pituaçu e 30 do Abaeté com reformas
- Fórum Coleta Seletiva Solidária reúne 13 cooperativas para discutir soluções para a reciclagem em Salvador
- André Fraga integra comissão que implementa cannabis medicinal no SUS, em Salvador
- ‘Corremos risco de ficar sem água em Salvador’, denuncia André Fraga (PV)
- Projeto de Lei que incentiva cultura oceânica nas escolas é aprovado, em Salvador
Comentários
- Sandra em Câmara de Vereadores aprova projetos que pedem melhorias na segurança do ciclista em Salvador
- Lourenço Mueller em Vereador André Fraga (PV) participa de reunião para criar Associação de Ciclistas de Salvador
- José Acácio ferreira em A árvore que ergueu impérios
- José Peroba Filho em A árvore que ergueu impérios
- Joctã Lima em A árvore que ergueu impérios
Arquivos
- setembro 2023
- agosto 2023
- julho 2023
- junho 2023
- abril 2023
- março 2023
- janeiro 2023
- novembro 2022
- outubro 2022
- setembro 2022
- julho 2022
- junho 2022
- maio 2022
- abril 2022
- março 2022
- fevereiro 2022
- janeiro 2022
- dezembro 2021
- outubro 2021
- setembro 2021
- agosto 2021
- julho 2021
- junho 2021
- maio 2021
- abril 2021
- março 2021
- fevereiro 2021
- agosto 2020
- julho 2020
- junho 2020
- maio 2020
- abril 2020
- março 2020
- fevereiro 2020
- dezembro 2019
- setembro 2019
- julho 2019
- janeiro 2019
- janeiro 2018
- outubro 2017
- setembro 2017
- julho 2017
- junho 2017
- julho 2016
- março 2016
- fevereiro 2016
- janeiro 2016
- dezembro 2015
- novembro 2015
- outubro 2015
- setembro 2015
- agosto 2015
- junho 2015
- maio 2015
- abril 2015
- março 2015
- fevereiro 2015
- janeiro 2015
- novembro 2014
- setembro 2014
- julho 2014
- junho 2014
- maio 2014
- fevereiro 2014
- janeiro 2014
- janeiro 2013
- junho 2012
- março 2012
- abril 2011