COVID-19, inovação e (des)igualdade

11 de março de 2020. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declara, oficialmente, que enfrentamos uma pandemia. O vírus que se alastrou pelo planeta teve seu primeiro caso reportado pela China no dia 11 de janeiro. Apenas três meses antes. Então o mundo entrou em uma espiral de acontecimentos do qual não havia mais memória coletiva. Era tudo novo. Mortes e infecções cresciam exponencialmente, e não sobrou um canto do planeta onde o novo coronavírus não tenha chegado.
No mesmo ano, 10 meses depois, a britânica Margaret Keenan, uma simpática joalheira aposentada de 90 anos, recebeu a primeira vacina contra o vírus no braço. A inovação e a velocidade com que a primeira vacina foi desenvolvida, e a sequência de novos imunizantes fazem com que a pandemia de Covid-19 também entre para a história. O recorde anterior era a vacina da caxumba: 4 anos. Outras vacinas levaram décadas para serem desenvolvidas.
Diversos fatores propiciaram que essa revolução acontecesse. A nossa rede de comunicação permite uma colaboração sem precedentes na história. O sequenciamento do genoma do vírus foi recorde. Concluído em janeiro de 2020, as pesquisas já estavam em curso antes mesmo da OMS declarar oficialmente a pandemia. Além disso, estudos em desenvolvimento para outras doenças, como a Zika e a Sars, foram adaptados para Covid-19, como foi o caso da tecnologia que gerou a primeira vacina, o RNA mensageiro.
Foi essa colaboração que permitiu ao soteropolitano Wanderson Nascimento Souza receber a primeira vacina brasileira em teste contra a Covid-19. A vacina foi aplicada na sede do Senai Cimatec, um centro internacionalmente respeitado, localizado na capital de um estado nordestino de um país em desenvolvimento. Ciência! Outras oito vacinas estão em fase de pesquisa no Brasil.
Vivemos a quarta revolução industrial caracterizada pela convergência de tecnologias. É quando a realidade começa a se parecer com aqueles filmes de ficção científica. Mas o potencial de produzir benefícios ao planeta não pode se perder pela concentração de poder e dinheiro cada vez menos acessíveis às pessoas e organizações.
O surgimento constante de novas variantes tem entre suas origens a distribuição desigual de vacinas. Enquanto alguns países vacinam turistas, outros sequer imunizam seus idosos. Se continuar no ritmo atual, a Guiné-Bissau levará 43 anos para vacinar 70% de sua população. No Haiti, a imunização chegou apenas a 0,6% da população. Variantes como delta e ômicron não causaram mais danos porque nossas vacinas chegaram para muita gente. Mas é preciso que cheguem para todos. Sem democratizar, a inovação servirá a poucos, e pandemias como a que vivemos poderão ser a regra.
*André Fraga é Engenheiro Ambiental, Vereador no Município Salvador e Presidente da Comissão Especial de Emergência Climática e Inovação na Câmara Municipal de Salvador.
** Artigo publicado originalmente no Jornal A Tarde no dia 20 de janeiro de 2022.
Posts recentes
- Batalha de rap sobre sustentabilidade dá R$ 3,9 mil em premiações, em Salvador
- André Fraga (PV) recebe reconhecimento nacional por contribuição à arborização urbana
- Vereador André Fraga sugere comemorar 50 anos do Parque de Pituaçu e 30 do Abaeté com reformas
- Fórum Coleta Seletiva Solidária reúne 13 cooperativas para discutir soluções para a reciclagem em Salvador
- André Fraga integra comissão que implementa cannabis medicinal no SUS, em Salvador
Comentários
- Sandra em Câmara de Vereadores aprova projetos que pedem melhorias na segurança do ciclista em Salvador
- Lourenço Mueller em Vereador André Fraga (PV) participa de reunião para criar Associação de Ciclistas de Salvador
- José Acácio ferreira em A árvore que ergueu impérios
- José Peroba Filho em A árvore que ergueu impérios
- Joctã Lima em A árvore que ergueu impérios
Arquivos
- setembro 2023
- agosto 2023
- julho 2023
- junho 2023
- abril 2023
- março 2023
- janeiro 2023
- novembro 2022
- outubro 2022
- setembro 2022
- julho 2022
- junho 2022
- maio 2022
- abril 2022
- março 2022
- fevereiro 2022
- janeiro 2022
- dezembro 2021
- outubro 2021
- setembro 2021
- agosto 2021
- julho 2021
- junho 2021
- maio 2021
- abril 2021
- março 2021
- fevereiro 2021
- agosto 2020
- julho 2020
- junho 2020
- maio 2020
- abril 2020
- março 2020
- fevereiro 2020
- dezembro 2019
- setembro 2019
- julho 2019
- janeiro 2019
- janeiro 2018
- outubro 2017
- setembro 2017
- julho 2017
- junho 2017
- julho 2016
- março 2016
- fevereiro 2016
- janeiro 2016
- dezembro 2015
- novembro 2015
- outubro 2015
- setembro 2015
- agosto 2015
- junho 2015
- maio 2015
- abril 2015
- março 2015
- fevereiro 2015
- janeiro 2015
- novembro 2014
- setembro 2014
- julho 2014
- junho 2014
- maio 2014
- fevereiro 2014
- janeiro 2014
- janeiro 2013
- junho 2012
- março 2012
- abril 2011