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  • Bel Borba recebe Medalha Tomé de Souza da Câmara Municipal

    Honraria é concedida a pedido do vereador André Fraga (PV) Alberto José Costa Borba, mais conhecido como Bel Borba, será homenageado pela Câmara Municipal de Salvador com a Medalha Tomé de Souza em reconhecimento por seu trabalho artístico, pela valorização e visibilidade da cultura baiana por inúmeros países. Solicitada pelo vereador André Fraga (PV), a sessão solene para entrega da honraria está marcada para amanhã, 13 de junho, às 18h, no Plenário Cosme de Farias.  “Quando tenho uma oportunidade como essa de saborear o gosto de um bom resultado, eu fico muito feliz. Isso não me estraga. Só me responsabiliza e me dá mais inspiração, gana e garra para trabalhar para ajudar nosso povo. Eu sou apaixonado pelo meu trabalho e a minha cidade”, disse Bel Borba, ao saber da homenagem. O artista plástico possui um extenso acervo de obras, que vão de desenhos a intervenções urbanas, como o monumento em homenagem à Irmã Dulce, no Largo de Roma; a escultura em bronze em honra aos refugiados, instalada em Madri, capital da Espanha; o Portão do Exu, localizado no Jardim Botânico de Salvador e a intervenção em Nova York, na Time Square, com esculturas de reciclados.  “Bel é a cara da cidade. Ele está nas galerias mas está, principalmente, nas ruas, democratizando o acesso à arte e cultura. Além disso, leva Salvador, a Bahia e o Brasil para os quatro cantos do planeta. A Medalha é apenas uma formalidade para esse cara brilhante que muito nos orgulha. Obrigado, Bel”, comemora Fraga.  Serviço O quê? Sessão especial para entrega da Medalha Tomé de Souza a Bel Borba. Onde?  No Plenário Cosme de Farias da Câmara Municipal de Salvador (Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro). Quando? 13 de junho, às 18h. Imagens da sessão:

  • Grupos de mães atípicas se reúnem para discutirem políticas de educação inclusiva em Salvador

    Mediado pelo vereador André Fraga (PV), encontro também contou com as Secretarias Municipais de Educação e de Promoção Social O vereador André Fraga (PV) intermediou um encontro para discussão sobre políticas públicas de educação inclusiva, na última quarta-feira (10). A pedido de grupos de mães atípicas de Salvador, estiveram presentes o secretário municipal de educação de Salvador Thiago Dantas e a diretora de políticas públicas para pessoas com deficiência da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) Daiane Pina.  As representantes das organizações puderam expor os principais desafios e privações que estudantes com deficiências físico-motoras ou intelectuais enfrentam em suas rotinas. Assim, foi estabelecida a criação de equipes de trabalho em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), para o acompanhamento do desenvolvimento de projetos, além de reuniões mensais com o secretário Dantas.  O termo mãe atípica é atribuído à mulher que tem filho ou filha com neuroatipicidade, ou seja, que possua deficiência física ou intelectual. Em Salvador, grupos dessas mães se mobilizam para o fortalecimento da causa, como a Associação de Mães, Amigos e Pais Extraordinários (Amape), o Núcleo Acolhedor da Criança Autista (Naca), o Aliança Núcleo de Mães de Filhos Autistas, a Associação Unidos pelo Amor e a Associação de Microcefalia e Acolhimento com Empatia (Amae) e o Centro Palmares de Estudos e Assessoria por Direitos.  Segundo Eulina Farias, mãe atípica e presidente da Amae, há ausência de plano de ensino especializado, de Auxiliares de Desenvolvimento Infantil (ADI), de material adaptado a cada necessidade, bem como transporte e estrutura escolar adequados.  Ela ainda destaca: “Faltam ADIs de Pessoas com Necessidades Especiais [PNE] e fraldário. Visto que crianças com deficiência que usam fraldas precisam de um local específico para que essa troca possa ser realizada. E nós [grupos de mães] esperamos contribuir para que haja evolução na inclusão e acessibilidade dos nossos filhos, e também um projeto contra o bullying nas escolas”.  Já Joseane Oliveira, também mãe atípica e presidente da Amape, declarou que o seu filho não frequenta a escola por não dispor de cadeiras de rodas nem de ADI. No entanto, existe perspectiva de soluções a partir da criação da equipe de trabalho e do fortalecimento das associações que já existem. “Juntas somos mais fortes e podemos fazer uma pressão popular mais robusta, pois o que resolve com o Poder Público, de modo geral, é pressão. A Amape tem 250 associados, que se integra com uma legião de mães”, afirma.  Para a presidente do Naca, Ana Félix, mãe atípica de aluno da rede municipal, o ponto máximo do encontro foi a consolidação dos grupos de mães frente à luta coletiva. Uma vez que, em sua opinião, assim como a das outras mães citadas, havia a expectativa por ações imediatas por parte das secretarias.  “Após várias reuniões, esperávamos soluções de imediato, tendo em vista o problema emergencial de crianças fora da escola. Mas como ficou acordado, iremos dialogar em busca da melhor forma de colaborar, para a garantia da política pública da educação especial inclusiva”, como relatou.   Ela continua: “Temos a vivência, a prática e podemos juntos construir uma política de verdade, que atenda a todos. E agradeço ao vereador André Fraga por ser tão solícito e pela intermediação. Como presidente do Naca e representante desse movimento, reconheço e estimo todo trabalho por ele desenvolvido”.  “A nossa intenção é trazer essas mães e responsáveis de pessoas com deficiência como protagonistas do debate, já que são elas quem sabem das reais necessidades. E, mais, fazer a ponte entre elas e as secretarias, para que juntos possamos encaminhar os projetos e fazer valer a acessibilidade e uma educação mais inclusiva”, disse o vereador.  Fraga é autor do Projeto de Indicação (PIN) 68/2024 que cria o Programa Cuidar de Quem Cuida, destinado ao auxílio financeiro às mães ou responsáveis de pessoas com deficiência, além de disponibilização do suporte necessário para amenizar cargas emocionais, a partir de acompanhamento multiprofissional.  Imagens do encontro

  • Câmara concede Medalha de Mérito Ambiental à desembargadora Maria de Fátima

    Magistrada do Tribunal de Justiça da Bahia será homenageada em sessão solene requerida pelo vereador André Fraga (PV) A Câmara de Salvador vai homenagear a desembargadora Maria de Fátima Silva Carvalho, coordenadora do Núcleo Socioambiental e da Comissão Gestora do Plano de Logística Sustentável (EcoPlan) do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A magistrada vai receber a Medalha de Mérito Ambiental Mário Leal Ferreira em sessão solene no dia 5 de junho, às 18h, Dia do Meio Ambiente. A homenagem foi requerida pelo vereador André Fraga (PV) e será no Plenário Cosme de Farias. “Essa homenagem nada mais é do que um reconhecimento merecido a uma pessoa que está à frente de projetos importantíssimos nos nossos dias atuais, em que precisamos dialogar com as questões ambientais em todas as instâncias da sociedade. Maria de Fátima é um exemplo de garra e insistência aqui na Bahia, conversando diretamente também com os temas do nosso mandato”, disse o parlamentar.  Desde 2016, Maria de Fátima Silva Carvalho coordena o Núcleo Socioambiental do Tribunal de Justiça da Bahia, que trabalha em conjunto com unidades executoras do Plano de Logística Sustentável (PLS), responsável por incentivar ações sustentáveis de recursos, gestão ambiental e inclusão social.  Ao mesmo tempo, a desembargadora se destaca pela atuação na proteção do meio ambiente, em consonância com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de campanhas de conscientização que envolvem o uso correto de água e de energia, descarte de resíduos, reciclagem e transporte sustentável.  “É uma homenagem direcionada a mim, como também a todo o Judiciário da Bahia. Eu tenho uma equipe maravilhosa do Núcleo Socioambiental, composta por juízes, servidores e assessores que trabalham juntos. A honraria é prestada em meu nome para um ato que é conjunto. Então, só tenho a agradecer, pois estamos muito felizes”, enfatiza Carvalho.  A magistrada também engajou diversos colegas na atuação junto ao Núcleo Socioambiental e desenvolveu projetos em parceria com a Secretaria de Tecnologia da Informação e Modernização do Tribunal.  Já Fraga possui uma trajetória de mais de duas décadas como ativista ambiental e, como vereador desde 2021, pauta os projetos também com base nos ODSs. Logo no primeiro ano de mandato, criou a Comissão Especial de Emergência Climática e Inovação para a Sustentabilidade para discutir e implementar ações em prol do meio ambiente em Salvador.  Serviço O quê? Sessão Solene para entrega da medalha de Mérito Ambiental Mário Leal Ferreira.   Onde?  No Plenário Cosme de Farias da Câmara Municipal de Salvador (Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro). Quando?  No dia 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, às 18h. Imagens da sessão

  • Meio Ambiente no boleto

    Não bastasse a pandemia levando vidas, pressionando governos, arrasando setores econômicos e afastando as pessoas, em 2021 também vivemos a maior crise hídrica em 91 anos no Brasil. Enquanto isso, muito se noticia sobre a falta de chuvas que secou o volume das represas na região Sudeste, mas nem se ouve falar em Manaus: a cidade está literalmente debaixo d’água por causa de uma cheia histórica do Rio Negro que elevou em 30 metros o seu nível, transformando ruas em canais navegáveis e deixando casas submersas. Lá, as cheias recordes estão cada vez mais frequentes: das 11 maiores enchentes, 7 se deram desde 2009. Uma das causas é o fenômeno La Niña, que esfria as águas do Oceano Pacífico e altera boa parte do clima global. O La Niña está cada vez mais frequente e agressivo por conta da mutação climática. Menos chuva representa baixo estoque de água que reduz a produção de energia nas hidroelétricas, fazendo com que o governo recorra ao acionamento de termoelétricas, com um alto custo ambiental e econômico; resultado: conta de energia mais cara com a bandeira vermelha patamar 2. Em 18 anos, o custo da energia para o consumidor subiu 230%, enquanto a inflação foi de 189%. Mas dá pra resolver. A Agência Internacional de Energia já apontou a necessidade de que se encerre a exploração e uso de combustíveis fósseis até 2050. O incremento da infraestrutura para a eletromobilidade é um dos caminhos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e interromper o avanço da crise climática. Algumas montadoras já assumiram compromissos pela interrupção da produção de novos veículos a combustão, mas os desafios de infraestrutura, incentivos governamentais e o alto valor dos veículos, ainda deixam o Brasil no último pelotão dessa corrida, mesmo tendo o mercado apresentado anos sequenciais de aumento nas vendas. Enquanto país tropical e ensolarado, o Brasil deveria buscar incentivar a produção de energias renováveis. A ANEEL tenta limitar o desenvolvimento da cadeia de energia solar fotovoltaica com “regulamentações” esdrúxulas, atendendo ao lobby das grandes distribuidoras de energia. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o setor criou mais de 200 novos postos de trabalho por dia, só em 2020 e, até 2050, a previsão é de 1 milhão de novos empregos e R$ 139 bilhões em investimentos no país. Imagine se, nesse momento de crise energética, uma boa parte das casas e indústrias tivessem seu sistema autônomo de produção de energia? Nosso boleto está no vermelho. Estados Unidos e China já definiram que, para eles, o boleto será verde e já desenharam uma retomada econômica verde pós-pandemia, o que chamam de Green New Deal, com foco na transição para uma economia de baixo carbono, desinvestindo em tecnologias poluentes e obsoletas, e promovendo as tecnologias verdes, produzindo empregos e renda. Enquanto comemoramos o crescimento do PIB associado ao agronegócio de monocultura de commodities, esquecemos que esse é um dos setores mais vulneráveis à mudança do clima. Só em 2021, em todo Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, na maior parte do Paraná e no sudoeste paulista, a média de chuvas ficou pelo menos 30% abaixo do esperado e, mesmo com a previsão de safra recorde, a Companhia Nacional de Abastecimento, CONAB, prevê uma queda mínima de 2,1 milhões de toneladas. As mensagens estão claras e caras. O que faremos hoje definirá o valor do boleto de amanhã! Artigo publicado originalmente #vereador #andréfraga #aneel #energiafotovoltaica #ecomomia #faltadeágua #meioambiente #água #energiasolar #clima #salvador

  • A árvore que ergueu impérios

    Ela salvou a humanidade da “peste das pestes”, ergueu impérios e o primeiro cartel farmacêutico do mundo, ajudou os aliados a vencerem a Segunda Guerra Mundial e foi parar na água tônica. Mas, o que essa história nos diz sobre o momento que vivemos e como a bioeconomia é a grande oportunidade para o Brasil no século 21? Junho de 2020 bateu o recorde dos últimos 13 anos em queimadas na Amazônia brasileira. Foi o mês, também, em que fundos de investimento internacionais, operadores de 3,7 trilhões de dólares, alertaram as autoridades brasileiras que o fracasso do governo em proteger as florestas os fazem reconsiderar nosso país como o destino de seus investimentos. O governo não se preocupa, nega auxílio a indígenas para combater a COVID-19, enquanto o anti-ministro do Meio Ambiente, condenado por improbidade administrativa, segue entregando a encomenda: uma boiada para desmontar a política ambiental do país. Em paralelo, o Presidente desdenha diariamente da pandemia que já matou mais de 60 mil brasileiros e brasileiras, incentivando a ocupação ilegal de terras públicas protegidas, regularizando grileiros e anistiando criminosos que desmatam nossas florestas. O Palácio do Planalto parece com a caverna da série DARK, onde a cidadezinha de Widen tem uma caverna embaixo de uma usina nuclear que permite a viagem no tempo. Leva ao passado e ao futuro. O futuro é o caos após um acidente na usina e o passado apresenta a energia nuclear como a melhor opção. Cada vez que o Presidente aparece, abre a boca ou assina um documento é como se entrássemos na caverna. É uma mistura do futuro caótico com crenças do século 19. Uma frase famosa do irlandês Edmund Burke diz que “o povo que não conhece sua história está fadado a repeti-la”. Discordo, em parte. Tem coisas na história que nos ensinam e inspiram: devemos seguir seus passos. No Brasil de hoje, um pequeno grupo criminoso quer repetir o período ditatorial que vivemos no passado. Numa pandemia que derivou para crises de saúde, economia e política o presidente poderia se inspirar na história de como a humanidade conseguiu mitigar o impacto da malária, conhecida como a “peste das pestes”, mas história não é muito a praia dele. Prefere politizar a ciência, deixando o país há meses sem Ministro da Saúde, já que nenhum Ministro sério vai aceitar receitar um remédio, que o Presidente supõe curar a COVID-19. PRESENTE PRECIOSO: Nessa gravura do século XVII, o Peru, simbolizado por uma criança, oferece um ramo de Cinchona, Quina, à figura da Ciência. A malária é, assim como o coronavírus, uma doença zoonótica. Sua origem é um parasita do gênero Plasmodium, encontrado em chimpanzés na África Equatorial. A humanidade já a conhece há um bom tempo. O desenvolvimento da agricultura e o surgimento das cidades impulsionou o crescimento da população do Plasmodium, que está entre nós há pelo menos 50 mil anos. Ao longo da história, ela foi relatada por antigos escritos chineses, ficou conhecida como “febre romana” (e pode ter, inclusive, contribuído para a queda do império romano), ou “febre dos pântanos”. Ela chega nos humanos através da picada de mosquitos e ainda não há vacinas, mas alguns remédios tratam a doença. Entre eles, está a cloroquina. A mesma, “receitada” pelo Presidente para combater a COVID-19, produzida aos milhões pelo exército e encalhada depois que estudos científicos confirmaram que ela não tem eficácia. Como ele não gosta de história, certamente desconhece que a cloroquina só existe por causa de uma árvore da Amazônia. Raimundo Nonato da Silva, o Doutor Raiz, raizeiro de Rio Branco (AC). Ele vende a casca da Cinchona ou Quina, seu nome popular, para fazer chá ou a garrafada de solução alcoólica da planta para quem chega em sua loja com problema de malária, de estômago, queda de cabelo e até lêndea. Uma ponta da bioeconomia. A Cinchona é um gênero de árvores da Amazônia andina e é dela que se extraiu originalmente o quinino ou quinina: um pó branco, origem da quina, medicamento febrífugo, tônico e antisséptico, o primeiro a conseguir combater com eficácia a malária em larga escala. Durante os séculos XV e XVI, uma transferência em larga escala de plantas, animais, cultura, populações humanas, tecnologia, doenças e ideias entre as Américas, a África Ocidental e a Europa, conhecida como troca colombiana em referência ao navegador Cristóvão Colombo, trouxe a malária para as Américas. Ela não existia aqui. A chegada dos Europeus também trouxe massacre. Há 350 anos, os espanhóis empreendiam o genocídio do povo Inca na América do Sul e duas histórias tentam contar como os poderes contra a malária da Cinchona teriam sido descobertos. Uma delas diz que alguns incas perceberam onças doentes mordendo o tronco de algumas árvores e se curavam. Outra, contada pelos espanhóis, fala que um soldado espanhol, com todos os sintomas da malária, não conseguiu prosseguir com o exército e foi deixado para trás, condenado a morte. Com sede, teria chegado a um lago rastejando e bebeu água, dormindo em seguida. Quando acordou, estava melhor e lembrou então que um tronco rachado de uma grande árvore estava caído no lago e a água era amarga. Concluiu que a árvore, seu tronco, teria o poder da cura para a malária. O batismo da árvore também tem uma origem controversa: a Condessa de Chinchón, esposa do Vice-Rei do Peru, Ana de Osório, teria adoecido de malária e sido curada pelo pó de quinina. Ela, então, coletou mais cascas da árvore e dado a outros doentes que também foram curados. Eles passaram a chamar o remédio de pó da condessa. Ana teria levado uma grande quantidade do pó quando retornou a Espanha. Porém, em 1940, um diário do Conde de Chinchón desmente a versão e diz que Ana nunca esteve na América. Entretanto, influenciado pela história, em 1742, o botânico suíço Carl Lineu batizou de Cinchona o gênero das árvores que produzem quinina, englobando cerca de 40 espécies. Na verdade, a Cinchona já era conhecida pela farmacopeia inca e teria sido descrita pela primeira vez pelo padre jesuíta Antonio de la Calancha, na sua Crónica moralizada del orden de San Agustín en el Perú, de 1633: “Uma árvore cresce, que eles chamam árvore da febre, na região de Loxa, cuja casca tem cor de canela. Quando transformada em pó, juntando-se uma quantidade equivalente ao peso de duas moedas de prata, e oferecida ao paciente como bebida, ela cura febre e … tem curado miraculosamente em Lima.” Brasão do Peru: Cinchona em destaque. O Plasmodium entra no ser humano, destrói as células vermelhas do sangue (hemácias) e provoca febres altas e intensas a cada dois ou três dias, seguidos de calafrios, dores de cabeça e no corpo, vômitos e suor excessivo. A quinina controla a febre, alivia as dores e mata os parasitas. Esse mesmo pó da casca da árvore é usado para câimbras musculares, distúrbios cardíacos e é parte importante da receita da água tônica. Em 1820, Pierre Pelletier e Joseph Caventou, dois químicos franceses, conseguiram extrair a quinina da casca da Cinchona. Publicaram todos os detalhes de como chegaram ao resultado para que todos pudessem produzir o remédio, sem cobrar por isso. No entanto, com a quinina sendo um insumo tão procurado, a venda de casca de Cinchona passou a ser um negócio muito lucrativo. Bolívia, Colômbia, Equador e Peru determinaram a proibição da exportação de sementes e plantas numa tentativa de manter o monopólio da produção e do comércio. Porém, numa história que mistura espionagem, biopirataria e contrabando, as sementes foram parar na ilha de Java, controlada pela Holanda depois de terem sido recusadas pelos britânicos. França, Grã-Bretanha e Holanda buscavam quebrar o monopólio enviando expedições para obter sementes e plantas, geralmente contrabandeando-as ilegalmente para que pudessem ser replantadas em suas colônias. Um traficante australiano conseguiu convencer um índio Aymara a contrabandear sementes de uma espécie encontrada na fronteira Bolívia/Peru de Cinchona que continha mais alcaloides, e, consequentemente, mais quinina. Charles Ledjer, o contrabandista, vendeu as sementes por 20 dólares para o governo Holandês em 1861, enquanto que Manuel Incra Mamani, o nativo Aymara, não recebeu nada. Essa espécie foi batizada Cinchona ledgeriana em homenagem ao contrabandista, já Manuel Incra Mamani morreu depois de ser surrado e preso durante outra viagem de coleta de sementes, em 1871. Em 1930, a ilha de Java produzia 97% de toda quinina usada no mundo, que era levada para ser processada em Amsterdam e distribuída. A América teve roubada mais uma de suas fontes de riqueza. Plantação de Cinchona em Java A Grã Bretanha investia em uma extensa rede de jardins botânicos distribuídos pelo seu império colonial. Eles pesquisavam e domesticavam plantas através da transferência entres colônias, depois de estudá-las. Essa rede, comandada pelo Kew Gardens, em Londres, se estendia por mais de cem jardins botânicos espalhados pelas colônias. Em Kew, a Cinchona foi para uma estufa especialmente construída para receber suas sementes, traficadas, e outras sementes foram enviadas a Índia, para os jardins botânicos de Ootacamund e Calcutá, cruciais para a seleção de espécies e para o desenvolvimento de métodos de plantio e colheita. A árvore andina, domesticada, começou a ser cultivada na Índia. Em paralelo, os holandeses criaram plantações, com sementes traficadas, na sua colônia em Java, hoje Indonésia, entre 1850 e 1870, em um esforço que envolveu plantadores particulares, o governo holandês e cientistas. Em 1880, a superprodução de quinina em Java reduziu o preço e forçou a mudança de cultura pelos plantadores britânicos na Índia. Associações europeias de produtores de quinina, controlavam o processo industrial de derivar o quinino da árvore de Cinchona, manipulavam o mercado, mantendo o preço da casca baixo e o de seus produtos manufaturados alto de forma artificial, especialmente a quinina. Em 1913, depois de uma reação do governo holandês, estabeleceu-se o Acordo do Quinino, definindo preços fixos para a casca de Cinchona. Propagandeado como uma garantia de suprimento constante de quinino e em nome do bem-estar da humanidade, na prática, o Acordo do Quinino fundou o primeiro cartel farmacêutico do mundo. Durante a Segunda Guerra Mundial, mais de 600.000 soldados americanos na África e Pacífico Sul haviam contraído malária com uma média de mortalidade de 10%. Quando os alemães invadiram e tomaram a Holanda em 1940, o Japão ocupou a Indonésia em 1942, os aliados ficaram sem acesso a quinina. Mesmo que o último avião aliado a deixar as Filipinas, antes desta cair nas mãos dos japoneses, levasse 4 milhões de sementes de Cinchona que foram sem escalas para Maryland nos EUA, numa tentativa de suprir as tropas de remédio contra a malária, não adiantou. Germinadas, embarcaram para a Costa Rica para serem plantadas em um clima tropical, e, até mesmo, expedições foram enviadas ao Andes para buscar quinina. A guerra não dava trégua e, em paralelo, uma corrida química levou a sintetização em laboratório em 1944 por Robert Woodward e William Doering. Isso permitiu que as tropas aliadas não sucumbissem a malária e foi parte importante da vitória no Pacifico. Estima-se em 250.000 o número de espécies vegetais usadas na medicina popular em todo o mundo, mas menos de 10% delas tem sua atividade farmacológica e bioquímica estudada. O Brasil é o país mais megadiverso do planeta. Nossa abundante variedade de vida se traduz em mais de 20% do número total de espécies do planeta. Temos 48 mil espécies de plantas registradas e todo ano novas 250 são descobertas. O abacaxi, o amendoim, a castanha do Brasil (ou do Pará), a mandioca, o caju, o açaí e a carnaúba são originárias do Brasil e possuem importância econômica mundial. Além disso, há uma preciosa sociodiversidade entre os mais de 200 povos indígenas, comunidades quilombolas, caiçaras, seringueiros, assim como agricultores tradicionais, detentores de muito conhecimento tradicional sobre uso e conservação de nossa biodiversidade. O site do Ministério do Meio Ambiente traz uma constatação de como não sabemos explorar essa potência que possuímos: “…apesar de toda esta riqueza em forma de conhecimentos e de espécies nativas, a maior parte das atividades econômicas nacionais se baseia em espécies exóticas: na agricultura, com cana-de-açúcar da Nova Guiné, café da Etiópia, arroz das Filipinas, soja e laranja da China, cacau do México e trigo asiático; na silvicultura, com eucaliptos da Austrália e pinheiros da América Central; na pecuária, com bovinos da Índia, equinos da Ásia e capins africanos; na piscicultura, com carpas da China e tilápias da África Oriental; e na apicultura, com variedades de abelha provenientes da Europa e da África”. É certo que temos grandes exemplos de agroindústria respeitando nossa sociobiodiversidade e como parte de sua estratégia empresarial. Porém, nossa estrutura econômica ainda foca massivamente na produção de alimentos como commodities para abastecer mercados internacionais, com baixíssimo valor agregado e alto impacto socioambiental. Conhecemos menos de 2 milhões das estimadas 100 milhões de diferentes espécies vivas do planeta. A biodiversidade é esse conjunto de vida:  toda a variedade de espécies da flora, fauna e micro-organismos; as funções ecológicas desempenhadas por estes organismos nos ecossistemas; e as comunidades, habitats e ecossistemas formados por eles; sendo responsável pela estabilidade dos ecossistemas, pelos processos naturais e produtos fornecidos por eles e pelas espécies que modificam a biosfera. Assim, espécies, processos, sistemas e ecossistemas criam coletivamente as bases da vida na Terra: alimentos, água e oxigênio, além de medicamentos, combustíveis e um clima estável, entre tantos outros benefícios. A perda de florestas e a extinção de espécies representam o maior risco para a economia global, de acordo com o último relatório do Fórum Econômico Mundial. A nossa biodiversidade precisa de mais investimento em pesquisa e preservação que garanta acesso a recursos genéticos presentes em nossas florestas. O valor da biodiversidade ainda não conhecida é incalculável e em sua conservação e uso sustentável estão as bases da bioeconomia. Para termos uma ideia do potencial da biodiversidade, a busca pela sintetização do princípio ativo da quinina presente na Cinchona gerou um novo corante quando o químico Willian Perkin acabou desenvolvendo acidentalmente e passou a abastecer a nascente indústria britânica da Revolução Industrial em 1856. Isto deu origem à moderna indústria química de corantes, perfumaria e medicamentos. Sua descoberta influenciou o destino de várias empresas, principalmente a BASF (Badische Anilin-& Soda-Fabrik), AGFA (Aktiengesellschaft für Anilinfabrikation) Bayer e Hoechst, que diversificaram sua produção em vários outros segmentos, transformando-as em impérios que valem bilhões. Compostos ativos descobertos a partir de produtos naturais podem ser otimizados por meio da química, gerar emprego, renda e melhorar a vida das pessoas. A Bayer ganhou impulso também com o desenvolvimento da Aspirina, que teve seu princípio ativo sintetizado da casca de uma outra árvore: o salgueiro, e a Alemanha está longe, bem longe, de figurar entre os países de maior biodiversidade do mundo. Segundo dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), atualmente a bioeconomia movimenta cerca de 2 trilhões de euros no mercado mundial e gera 22 milhões de empregos. Investir na bioeconomia é a chave para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU), mas o Brasil ainda não entrou no jogo, apesar do nosso potencial quando se fala no principal insumo da bioeconomia: a biodiversidade. Apesar do Brasil ser o país com maior riqueza vegetal do mundo, seguido pela China, Indonésia, México e África do Sul, ainda há enormes desafios para a identificação do nosso real potencial. Existem muito mais informações sobre as regiões Sul e Sudeste onde se concentram as coletas de plantas, os grupos de especialistas e as instituições de pesquisa, do que nas outras regiões. Em função disso, estima-se que, só no estado do Amazonas, deve haver pelo menos mais 20 mil espécies ainda não amostradas. A Bahia é o segundo estado com maio diversidade do país e também é um dos que mais desmata. A região norte tem um outro desafio: identificar a biodiversidade antes que a floresta seja dizimada. O desmatamento anda mais rápido que a capacidade de a conhecermos e, sem tempo para conhecermos a fundo a biodiversidade da floresta, perdemos a oportunidade de transformá-la em emprego, renda, negócios e prosperidade. Alguns movimentos, mesmo que tímidos, vêm se configurando. Empresas do Polo Industrial de Manaus são obrigadas a repassar 5% do que faturam à pesquisa tecnológica, o que representa 700 milhões de reais anualmente. Era uma determinação restrita às inovações do mundo digital, já que esse mecanismo está previsto na Lei da Informática, mas recentemente uma mudança nessa mesma lei, passou a permitir que o acesso aos recursos possa ser também por projetos de biotecnologia, entre outros ramos da bioeconomia. Porém, para que a bioeconomia desponte é preciso mais. Especialistas apontam outras quatro frentes necessárias: disponibilidade de insumos naturais (ainda temos e teremos se não destruirmos a floresta), leis, instituições maduras para uso desses recursos, financiamento e capital humano capacitado para a biotecnologia do século XXI. É, sem dúvidas, a melhor forma do Brasil sair da cultura do extrativismo e entrar na economia do conhecimento. Mas, o horizonte para a bioeconomia no Brasil não é muito animador. O Presidente, que já foi multado por atentar contra a biodiversidade ao pescar em uma estação ecológica, tem criado barreiras para a fiscalização, aplicação e recolhimento de multas, além de se posicionar publicamente contra ações para combater desmatadores criminosos na Amazônia, forçando a demissão de servidores do IBAMA. Mesmo com números crescentes de desmatamento, o número de multas aplicadas pelo IBAMA é o menor em 24 anos. A Mata Atlântica vinha se recuperando lentamente, entretanto, teve 27,2% de aumento no desmatamento entre 2018 e 2019. Em 2018, lideramos o desmatamento de florestas primárias no mundo, segundo a plataforma Global Forest Watch. Enquanto isso, o Ministro da Comunicação relatou recentemente que caso alguém queira sair de Manaus de avião e ver Mata Atlântica, “você fica ali três horas sem parar vendo Mata Atlântica, atrás de Mata Atlântica”, e o Brasil passa vergonha atrás de vergonha. Para Kristalina Georgieva, economista búlgara e atual chefe do FMI, “quem não gosta de pandemias, não vai gostar nada de crises climáticas”, ao citar como o FMI enxerga a retomada econômica pós coronavírus. Se até o FMI acredita que uma economia de baixo carbono, mais resiliente do ponto de vista climático é a nossa única opção, é por que já passamos do ponto de retorno. A Europa já estrutura o seu Green New Deal, pavimentando mais uma vez a sua liderança. Se uma única árvore da Amazônia possibilitou o surgimento de impérios industriais e rendeu bilhões de dólares a alemães, britânicos, holandeses e americanos, onde essa árvore sequer nascia, quanto nós temos em nossas florestas? Até quando vamos seguir queimando dinheiro e destruindo nossas florestas para passar a boiada do atraso? #coronavirus #Cloroquina #Cinchona #bioeconomia #quinina #malária #covid19

  • Mudando penteados, mentes e cidades

    Como o estímulo ao uso das bicicletas ajudará a termos cidades saudáveis, sustentáveis e resilientes. Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o planeta vivia uma pandemia causada pelo novo coronavírus, a Terra passou a se mover de maneira diferente. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia, do British Geological Survey e do Observatório Real da Bélgica, em Bruxelas, relataram queda de um terço no ruído sísmico, o barulho das vibrações na crosta do planeta. Associada a redução das atividades humanas e só experimentada em alguns instantes no Natal, essa queda permite a detecção de terremotos menores e melhora as condições de monitoramento da atividade vulcânica e de outros eventos sísmicos. Embora os efeitos de veículos em movimento e máquinas industriais em funcionamento possam ser pequenos individualmente, somados, eles produzem ruído que reduz a capacidade dos sismólogos, que operam na mesma frequência. Fonte: Observatório Real da Bélgica Passada a fase aguda de isolamento e fechamento do comércio, os países têm se deparado com um desafio: como retomar as atividades nas grandes cidades, caracterizadas por grandes densidades populacionais, sistemas de transporte público operando no limite e uma dependência ao veículo individual ainda muito presente? Urbanistas, arquitetos e lideranças políticas têm dito que viveremos uma reinvenção da vida nas cidades. Algumas cidades já estão se reinventando. Em Londres, ruas que apenas carros trafegavam já viraram calçadas ou ciclovias. Outras vias perderam espaço para pedestres e bicicletas, além de terem reduzidas suas velocidades máximas e 1000 novas vagas de estacionamento se somam a 30km de novas rotas para bicicletas, que devem sair do papel nas próximas semanas. A prefeitura londrina quer 10 vezes mais bikes e 5 vezes mais caminhadas no curto prazo, que devem estimular o comércio de rua muito afetado pela pandemia. Lojas que vendem e promovem a manutenção de bikes viram o movimento explodir em até 192% nas vendas, ajudadas por um milhão de vouchers de 50 Libras doados pelo governo, para pessoas recuperarem suas bicicletas. Há ainda uma discussão sobre o aumento do valor no pedágio para carros circularem nas ruas do centro. A França segue o mesmo caminho ao lançar um pacote de incentivo ao ciclismo com o objetivo de esvaziar trens, ônibus e metros. Lá, um fundo de 20 milhões de euros, foi criado para fazer com que as bicicletas sejam a primeira opção modal dos franceses. Cada pessoa terá direito a um auxílio de 50 euros para consertar freios, pneus e sistemas de iluminação das magrelas. O plano, que é liderado pelo Ministério da Transição Ecológica e Solidária da França (gostei desse nome!), também instalará ciclofaixas temporárias nas grandes cidades, ampliará vagas de estacionamento, seguro de bicicletas, além de oferecer um treinamento gratuito, de até 2 horas, para que os franceses aprendam a pedalar com segurança individualmente ou em pequenos grupos. Só na região metropolitana de Paris a meta é construir mais 750 km de ciclovias. Alemanha, Itália, Bélgica e Espanha pedalam pelo mesmo caminho. Em Nova York, um plano do final de 2019 já previa que 1,7 bilhão de dólares seriam investidos nos próximos dez anos para construção de 250 novas ciclovias e 92 mil m2 de calçadas e espaços para pedestres. Uma nova ciclovia temporária em Berlim. Foto: Annegret Hilse / Reuters A história das cidades se conecta com a história das epidemias em diversos momentos. Grandes reformas urbanas empreendidas nos séculos XIX e XX trouxeram o traçado amplo de avenidas em Paris, que inspiraram outras cidades em todo o mundo a fazerem o mesmo em busca de espaços limpos que freassem a sequência de epidemias e surtos mortais. No Brasil, o prefeito carioca Pereira Passos e o sanitarista Oswaldo Cruz replicaram o modelo no Rio de Janeiro que também inspirou o traçado da Avenida Sete de Setembro em Salvador. O urbanismo higienista que, infelizmente, acabava tratando populações vulneráveis como doenças a serem também erradicadas. Na cidade do século XXI, com o avanço do trabalho remoto, que virou realidade da noite pro dia em muitas empresas, e que já se consolidou em diversas outras, as cidades poderão enfrentar uma mudança sem precedentes. Google, Facebook e Twitter, por exemplo, já liberaram seus funcionários que preferirem trabalhar de casa. E essa é uma tendência: menos espaço para escritórios físicos e mais cafés que oferecem internet, locais de trabalho compartilhado, restaurantes e parques. Dessa vez, o Brasil tem a chance de replicar um bom exemplo para a vida urbana antes da próxima pandemia. Não podemos deixar escapar a oportunidade colocada em nossa frente mesmo que, de forma dolorosa, para fazer as cidades brasileiras mais caminháveis e cicláveis. A tarefa não é fácil. Nossas cidades que cresceram de forma desordenada e marcadas pela desigualdade, acumulam 20 mil ciclistas mortos entre 2004 e 2017, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Em 2004, o Ministério das Cidades lançou o Programa Bicicleta Brasil, que virou a Lei n.º 13.724 em 2018, com a tentativa de fazer da bicicleta uma opção real para a mobilidade nas cidades brasileiras, entupidas de veículos motorizados, travando o fluxo e envenenando pulmões. Enquanto a Política Nacional de Mobilidade Urbana tem entre suas diretrizes priorizar os modais de transporte ativo sobre os motorizados e o transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado, o Programa Bicicleta Brasil, cheio de boas intenções, não saiu do papel. Fontes de financiamento genéricas somadas a ausência de um programa de governo que distribua recursos do orçamento da União fizeram o PBB mais uma daquelas leis no Brasil que não pegou. Mas, não falta só dinheiro para fazermos da bicicleta um modal utilizado por um grande volume de cidadãos. Aqui, falta também, visão sistêmica dos benefícios que a bicicleta proporciona e o que ela rende em benefícios sociais, econômicos e ambientais. Pedalar faz bem pra saúde, pro meio ambiente e pra economia. Um exercício aeróbico e, ao mesmo tempo, um transporte ativo com zero emissão de gases poluentes. O Sistema Único de Saúde (SUS), economizaria R$ 34 milhões por ano só na cidade de São Paulo com a queda do número de internações por diabetes ou doenças circulatórias, se a população paulistana aderisse ao uso da bike em escala, de acordo com estudo do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). No Brasil, as mortes causadas pela poluição do ar aumentaram 14% em 10 anos, segundo o Ministério da Saúde que verificou mais óbitos por câncer de pulmão, traqueia e brônquios e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Em 2006, 38.782 morreram, número que pulou para 44.228 em 2016, de acordo com o estudo Saúde Brasil 2018. Internações por problemas respiratórios custaram R$ 1,3 bilhão ao SUS em 2018. Evidências cientificas sugerem que a poluição do ar, incluindo a fumaça dos gases de escape, reduz chances de sobrevivência à Covid-19. Recentemente, um estudo desenvolvido pela Imperial College e pela Universidade de Cambridge e publicado na Lancet Planetary Health(https://www.thelancet.com/journals/lanplh/article/PIIS2542-5196(20)30079-6/fulltext), revelou reduções de 20% nas taxas de morte prematura, de 24% no risco de doenças do cardiovasculares, de 16% nas mortes causadas por câncer e de 11% em diagnósticos de câncer, após pesquisas entre o modo de viagem e doenças cardiovasculares, câncer e mortalidade por todas as causas e incidência de câncer, usando dados do Censo vinculados há 25 anos na Inglaterra e no País de Gales. Mas, nossas cidades estão amontoadas de carro. Entra governo e sai governo, somas vultosas de isenção tributária seguem fazendo com que montadoras de veículos motorizados travem os centros urbanos. De acordo com dados do SIMOB – um levantamento anual realizado pela Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), a bicicleta é responsável, em média, por apenas 3% de todas as viagens realizadas diariamente no Brasil, apesar de sermos o quarto maior produtor de bicicletas do mundo, mesmo com âncoras governamentais. Enquanto a isenção de IPI dado as montadoras de automóveis custa R$1,22 bilhões ao ano de forma direta, a renúncia fiscal para o setor de bicicletas representaria nove vezes menos, 131,6 milhões (dados de 2014), de acordo com o estudo “Análise Econômica do Setor de Bicicletas e suas Regras Tributárias” lançado pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike). Além do custo da renúncia fiscal advinda das isenções, o setor automobilístico gera externalidades negativas como o permanente estado de travamento do trânsito nas cidades, a poluição do ar e seus custos associados a saúde pública. Por outro lado, politicas similares para o setor de bicicletas gerariam benefícios como a melhoria na saúde das pessoas, melhoria na qualidade do ar nas cidades e menos trânsito nas ruas. Artigo publicado originalmente no blog da Euzaria, no dia 03/06/2020. #bikes #bicicleta #andréfraga #ciclomobilidade #cicloativista #diamundialdabicicleta #mobilidade #bike #salvador

  • É o clima, idiota!

    Em 1991, George Bush tinha “vencido” a Guerra do Golfo e nadava de braçada, favorito para as eleições enfrentando o desconhecido governador de Arkansas, Bill Clinton. O estrategista de Clinton, James Carville, acreditava que poderia vencer explorando a recessão econômica que crescia e cunhou uma frase que a campanha deveria focar: “A economia, estúpido!”. Clinton venceu, tirou os EUA da recessão e foi reeleito. A frase é usada até hoje e adaptada a diversos contextos. Pula pra 2020. O mundo vive um dos seus maiores e mais urgentes desafios civilizatórios: vencer a crise climática. Mesmo assim alguns líderes globais seguem dando de ombros para alertas científicos e coices da natureza. Nesse contexto o Fórum Econômico Mundial se reuniu mais uma vez em Davos, mas agora o “Relatório de Riscos Globais 2020”, documento lançado dias antes da reunião anual do fórum, e que serve para subsidiar os debates, apontou que os 5 maiores riscos para a economia mundial nos próximos 10 anos estão diretamente associados a crise climática: eventos climáticos extremos; falhas no combate à mudança climática; perda de biodiversidade e esgotamento de recursos; catástrofes naturais e desastres ambientais causados pelo homem. Os efeitos das mudanças climáticas estão colocados como riscos de curto e longo prazo, e é a primeira vez em 15 anos que temas ambientais dominam os debates e preocupações do Fórum. O relatório aponta que a crise climática se aprofunda ano após ano e que poderá colapsar a economia mundial aos moldes da crise financeira de 2008. Essa constatação é baseada na análise de múltiplos indicadores ambientais, sociais e econômicos e atribui urgência na ação para debelar a crise. O relatório se soma a estudos do IPCC, Banco Mundial e FMI, que apontam para a mesma direção. A crise climática já afeta as economias e o setor financeiro: o aumento da ocorrência de eventos causa danos à infraestrutura, à propriedade e à terra e os países mais pobres são os mais expostos. Só em 2018, desastres naturais geraram custos de US$ 165 bilhões no mundo, podendo chegar a US$ 314 bilhões em 2030 segundo o FMI, enquanto 100 milhões de pessoas podem ser empurradas para a extrema pobreza, segundo o Banco Mundial, que estima que quase 75% das perdas econômicas causadas por desastres naturais desde 1980 são atribuídas a extremos climáticos. Há também os custos das mudanças necessárias em todos os setores para a transição para uma economia de baixo carbono: quanto maior a demora, maior será o preço. “As empresas e mercados serão forçados a se ajustar mais rapidamente, o que poderia levar a custos mais altos, mais disrupções econômicas ou intervenções draconianas de formuladores de políticas em pânico”, diz o relatório. Apenas para as 200 maiores empresas do planeta é estimado um custo de US$ 1 trilhão caso não haja ação contra a crise do clima. Mas, como crises são também geradoras de oportunidades, a transição para uma economia de baixo carbono e adaptação aos efeitos da crise pode render US$ 4,2 trilhões, com US$ 4 em benefício para cada US$ 1 investido. Encerramos a década mais quente da história, e temos a chance de fazer a década que nos levará a um planeta equilibrado e justo. Como diz o velho ditado popular: a gente só sente quando dói no bolso. Já estamos todos sentindo. É o clima, idiota! O ano de 2019 marcou o fim da década mais quente desde o início dos registros, incêndios atingiram a Austrália com intensidade sem precedentes, a cidade de Veneza teve sua maior inundação em décadas, o ciclone Idai matou centenas em Moçambique e o derretimento de gelo quase bateu recorde no Ártico e na Groenlândia. A publicação chama sua seção sobre o clima de “uma década restante”. Se o ano de 2019 despertou a sociedade para a questão climática, os anos 2020 definirão como ela sairá da crise, sugere o texto. A ideia reproduz a projeção da ONU, que em 2018 afirmou que restavam mais 12 anos para a humanidade agir a tempo de evitar as previsões mais graves sobre o futuro do clima. Artigo produzido por André Fraga originalmente publicado na edição impressa online em 29/02/2020 do Correio. #clima #climatechange #semanadoclima

  • Nós, o plástico e os oceanos

    Estudo encomendado pelo Fórum Econômico Mundial relata a existência de 150 milhões de toneladas métricas de plásticos nos oceanos e, caso o consumo de plástico siga no mesmo ritmo, cientistas preveem que haverá mais plástico do que peixes até 2050 nos mares. Entre 4,8 milhões e 12,7 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos todos os anos. Por ano se consome entre 500 bilhões e 1 trilhão de sacolas plásticas mundialmente. No Brasil, cerca de 1,5 milhão de sacolinhas são distribuídas por hora! São gratuitas, práticas e onipresentes no comércio. Mas possuem um alto custo ambiental: são produzidas a partir de recursos naturais não-renováveis (petróleo ou gás natural), geralmente são descartadas de maneira incorreta após um único uso e levam até 450 anos para se decompor. Nesse tempo, prejudicam os sistemas de drenagem, aumentam a poluição e vão parar em matas, rios e oceanos, sendo confundidas por animais que as engolem e morrem sufocados ou presos nelas. Estima-se que cada ser humano coma 50 mil partículas de plástico por ano. Uma pequena, ínfima parte, chega a ser reciclada. Canudos plásticos descartáveis representam outra ameaça. Só nos EUA, mais de 500 milhões de canudos plásticos são utilizados diariamente, e já há um movimento global para abolir seu uso. Um exemplo é a rede mundial de cafeterias Starbucks que anunciou que vai deixar de usar canudos de plástico em lojas de todo o mundo até 2020, evitando o consumo de mais de um bilhão de canudos. Leis restritivas as sacolas plásticas e canudos já vigoram em 20 das 27 capitais brasileiras. A medida também foi adotada em dezenas de países pelo mundo. Na China, por exemplo, onde cerca de 3 bilhões de sacolas eram consumidas por dia, a distribuição gratuita foi proibida. Nos últimos dias, milhares de pessoas se uniram para limpar praias ao redor do mundo. Em Salvador, centenas de grupos também promoveram mutirões. A cidade avança e se une ao movimento global pela redução no consumo e descarte de sacolas e canudos plásticos. Neste sentido, o Prefeito ACM Neto declarou durante a Semana do Clima da ONU que promoverá uma legislação com esse objetivo. O plástico só é um vilão quando se une ao nosso déficit de cidadania e desrespeito com o planeta. A produção de peças e equipamentos plásticos foi, e é, importante para a humanidade na redução do peso de equipamentos os fazendo mais eficientes, dando flexibilidade a produtos e ferramentas, proporcionando evolução de maneira geral. Por outro lado, a raiz do problema está na forma como o consumimos e somos incentivados a consumir, assim como o descartamos. O setor privado tem especial papel na solução. Já existem normas técnicas para a produção de sacolas em qualidade que ajudem a reduzir o consumo, mas o próprio setor não as segue. Ademais, quem produz, distribui e vende precisa assumir sua parte, fazendo da responsabilidade compartilhada e da logística reversa uma realidade, e não um princípio bonito previsto em mais uma lei que não pegou. Artigo produzido por André Fraga originalmente publicado na edição online em 25/09/2019 do Correio.

  • Amarga Ilusão

    Batemos recorde seguidos de meses e anos mais quentes da história humana, com consequências graves já em curso, afetando a vida de milhões de pessoas ao redor do planeta com alto custo financeiro e social. Enquanto alguns gatos pingados negam a existência da crise climática causada pelas atividades humanas baseadas em um modelo de desenvolvimento carbonífero que aprofundou o aquecimento global, os mais pobres sentem na carne seus efeitos. Na Europa milhões de hectares ardem em incêndios incontroláveis levando vidas e economias. Na Ásia inundações afogam milhões de pessoas e bilhões de dólares. No Caribe tufões e tornados levam casas e gente pelos ares. Na América do Sul chuvas torrenciais alagam cidades inteiras e, em seguida, secas colocam a segurança hídrica em risco. Se hoje o planeta vive um momento complexo com os refugiados, o que esperar em 2050 quando tivermos 200 milhões de refugiados do clima segundo projeções da ONU? Mas ainda há como escapar. E a resposta está nas cidades. Redes de cidades como o C40 saem do discurso para a prática e, voluntariamente, governos locais já assumiram o compromisso de reduzir 2.4 gigatoneladas de CO2 equivalente. Nossa capital já é uma referência internacional em ações de sustentabilidade e resiliência climática. Não a toa hospedaremos a Semana Latino Americana e Caribenha de Clima da ONU e, durante o evento, iniciaremos o desenvolvimento do Plano Municipal de Adaptação e Mitigação as Mudanças Climáticas e lançaremos o Painel Salvador de Mudança do Clima, um IPCC soteropolitano, reunindo academia, pesquisadores e muita ciência para orientar as políticas públicas da cidade. Ações que complementaram outras já em curso como plantio massivo de árvores, a criação e implantação de novos parques, a modernização da frota de ônibus menos poluente, incentivos para a construção sustentável como IPTU Verde, IPTU Amarelo e Outorga Verde, o crescimento exponencial da infraestrutura cicloviária e o investimento em inovação transformando a Defesa Civil de Salvador em referência internacional. Não faltam evidências cientificas de que vivemos nosso maior desafio civilizatório, mas pouco conseguimos nos mover. Por que? Há quem diga que vivemos a ilusão de que somos imunes à natureza e sua dinâmica, já que a teríamos domesticado. O Homo Sapiens, possui mecanismos de adaptação e sobrevivência cristalizados ao longo de nossa evolução, os vieses cognitivos de justificação, que nos fazem observar predadores como se estivéssemos protegidos, já que atingimos o topo da cadeia alimentar. Amarga ilusão. Fomos levados a beira da catástrofe climática no tempo de vida de uma geração. Agora cabe a uma única geração o trabalho de evitar que ela aconteça. A nossa. Artigo produzido por André Fraga originalmente publicado na edição impressa em 14/08/2019 do Jornal A Tarde.

  • Untitled

    Reportagem da TV Record sobre o serviço Disque Mata Atlântica, disponibilizado pela Prefeitura de Salvador através da Secretaria Cidade Sustentável e Inovação (SECIS) que possibilita a qualquer cidadão a retirada de mudas, o plantio e até receber em casa por meio de um “delivery” de mudas de Mata Atlântica.

  • Untitled

    Matéria jornalistica sobre as belezas da Praia da Ponta de Nossa Senhora na Ilha dos Frades e o hasteamento da primeira Bandeira Azul do Norte/Nordeste, projeto coordenado pela Secretaria Cidade Sustentavel e Inovação. O Selo Bandeira Azul, que certifica as praias sustentáveis em todo o mundo, para a temporada 2016/2017. O programa criado na França em 1980 é considerado o mais importante da categoria em todo o mundo. Ele é atribuído a praias e marinas que cumprem um conjunto de 34 requisitos de qualidade socioambiental.

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